"O Universo é pois um único, infinito imóvel...Não é gerado, pois outro ser não há que o possa desejar ou esperar; ele mesmo possui o ser.E não perece, pois não há outro no qual possa transformar-se; ele mesmo é tudo.
Perguntar-me-eis: então por que se modificam as coisas?
...E eu respondo dizendo que qualquer transformação tende, não para outro ser, mas para outro modo de ser."
Giordano Bruno
Ante este interessante fragmento de Bruno, só me deparo com uma única objeção em mim. Penso que o Universo não é imóvel, mas é ele o movimento.
Você disse o universo não é imóvel, é o movimento. Mas ser o movimento não implica em ser móvel. O movimento em si mesmo não é móvel, pois se fosse, seria preciso perguntar o que move o movimento. Giordano Bruno está admitindo que as coisas se modificam, ou seja, que existe movimento no universo, porque compreendia que não pode haver mudança sem movimento. Mas esse movimento não é o movimento do universo em si, já que ele é infinito e único, o que significa que não há para onde se mover nem para o que se transformar. Como um jogo de xadrez com uma única peça que ocupa o tabuleiro inteiro. O universo continua sempre o mesmo, mas assume diferentes modos de ser. Por isso afirmava que o universo não foi criado nem pode ser destruído, não tem começo nem fim. Mas isso não explica a diversidade de modos de ser, e fecha a possibilidade de se compreender qualquer sentido teleológico para o universo, além de eliminar a possibilidade de haver um Criador. Na época de Giordano Bruno, isso equivaleria a dizer que a vida não tem sentido. Mas não foi por isso que Giordano Bruno foi considerado herege. Se você ver bem, ele foi condenado por motivos políticos. Os cientistas hoje em dia continuam discutindo se o universo é infinito ou não. Para Einstein, por exemplo, o universo não era infinito. De acordo com certas interpretações das leis da termodinâmica e teoria do Big Bang, ele é finito tanto espacialmente quanto temporalmente.
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