"Zaratustra desceu sozinho das montanhas sem encontrar ninguém..." |
Começo, pois, uma sequência de postagens onde irei expor meu ponto de vista a respeito de leituras, compreensões, reflexões e conclusões minhas, realizações essas que nada mais são que uma síntese do que venho aprendendo diariamente nesta caminhada que se chama vida.
Não sendo tão pobre ao ponto de dar esmolas, percebi que a medida que vou aprendendo, posso ensinar, e aprender ainda mais ensinando.
De forma alguma quero arriscar-me um mestre em algo, sou só um estudante, porém, penso que ninguém sabe tão pouco ao ponto de que não possa ensinar nada (tal como ninguém é tão sábio ao ponto de que não possa aprender mais nada).
Na verdade podemos perceber um princípio que nos mostra que quanto mais difundimos o que pudemos aprender, mais somos capazes de aprender. Aprender para si, e tão somente para si, é afogar-se. É cansativo e não estimulante perceber que por mais que se aprenda nada muda, mas deveria ser claro que, nada muda porque só você aprendeu; realidade que poderia ser outra caso o conhecimento tivesse sido propagado omnidirecionalmente a medida que fosse conquistado por este propagador.
Mas daí surge a seguinte questão: Como difundir omnidirecionalmente o que se sabe se nem todos estão receptivos?
Bem, não será difícil perceber que na verdade a noção de falta de receptividade por parte dos outros se dá porque no mundo mental humano (este mundo que representa o conjunto de todas as mentes humanas) há mais interferência aos sinais que difundem conhecimento, por parte de informações supérfluas, frias, vazias, que por sua vez têm mais "emissoras" (revistas, tv, rádio, games, livros — isso mesmo, até os livros; pra alguns "logicamente os livros") que o saber, que por sinal, têm suas imagens denegridas e desvirtuadas por estas "emissoras" de "lixo metafísico", se já podemos chamar assim. Valores, conceitos, e exemplos foram e são cada vez mais denegridos; grupos sectários, ordens e ideologias surgem exponencialmente na tentativa de sanar essa sede humana de saber, de ser, de fazer, de ter, de sentir.
Não parece ser extremismo algum apontar como caótico o estado mental geral da humanidade. De qualquer forma estamos aí.... presentes.... trabalhando..... se divertindo..... estudando.... estudando? estudando o que? Sim, nos preparamos para o mercado de trabalho, aprendemos muito para ser um bom profissional. E? Limita-se nisso nosso estudo? E o ser humano que somos? Este também não é preparado? Não forjamos nosso ser para a vida? Por que não? Se quer já paramos para pensar o quão distantes estamos ficando cada vez mais uns dos outros e principalmente de nós mesmos? A internet une!... Pessoas de continentes diferentes e separa pessoas de um mesmo bairro.
Os livros de hoje ensinam!... A esquecer os livros do passado; "O estilo de hoje é diferente! Mais moderno! Não é rebuscado e agora com o internetês a escrita tem se tornado cada vez mais rápida! Viva ao desenvolvimento! Viva a modernidade!"
Uma modernidade sem bases, onde tudo é feito em cima das necessidades mesquinhas desta mesma modernidade, onde a referência cultural dessa modernidade é, se não, ela mesma, realmente está a caminho de uma brusca mudança: o abismo cultural, onde a cultura será (se não já é) sinônimo de diversão livre de espiritualidade, obras mergulhadas no instinto e no egoísmo, sofrimento desnecessário divinizado e sofrimento necessário dispensado. "Pra que me esforçar pra compor uma bela música, 3 acordes (destes da Moda) me rendem fama!!!"
É claro que há muito o que aprender e que julgar sempre é mais fácil do que ensinar, corrigir e criar; por isso, penso que, se o individualismo e a crença no que não merece nossa crença, além da descrença no que merece nossa crença não forem atenuados por meio dessa "difusão" do saber, que precisa, como vimos, ser aumentada para conseguir superar um dia as interferências e começar então a partir rumo a extinção destas como interferências, não haverá senão, mesmo com os complexos e profundos julgamentos de grandes autoridades intelectuais, um belo fim para a irracionalidade humana: a extinção, antes do espírito humano e logo depois do corpo.
Julgar é o primeiro passo, a caminhada é longa, isso é inegável, porém se não agirmos em prol de uma mudança morreremos todos no pé da escada; Mas o que seria "agir em prol de mudança"? Antes precisamos entender o que se quer dizer com mudança. Neste caso refiro-me antes de tudo a aperfeiçoamento — superação humana —, e como tal requer antes de tudo o "querer", aquele que é um dos estímulos iniciais, estimulo este que por sua vez só pode formar-se de uma só maneira: Dentro de cada um dos seres por estes mesmos seres. O "despertar" é individual, não há como simplesmente "passar" um nível de entendimento para outro, este outro deve consquistá-lo, isso requer um labor individual, mas não uma labor fundamentado no vácuo, se não, uma obra erguida sobre firmes bases, as bases do conhecimento, que por sua vez é reunido na consciência do ser por trabalho de experimentação na própria vida de cada novo conceito que o ser vá tomando contato. A superação humana só se dá quando cada um faz conscientemente o melhor para si:
"Mas o que seria o melhor pra mim?"
Bem, na verdade não podemos dizer que algo foi o melhor pra você se não foi também bom para outros ou se prejudicou alguém, visto que ninguém está sozinho, o que implica que uma conquista solitária esvaece num piscar de olhos visto, esvaece tão depressa em especial o prazer provido por tal conquista, o que logo torna novamente entediado o ser a pouco contemplado por essa conquista.
Por menor que seja uma conquista, se foca os outros, se, na medida do possível, é compartilhada, esta cresce, desenvolve-se e nutre o espírito do contemplado, o que dá o caráter transcendental a este ato de compartilhar. Compartilhar é expandir-se.
Sendo assim tentarei fazer daqui uma antena onde transmitirei um pouco do que me rodeia e me constrói (que são principalmente questionamentos e reflexões, além de alguns ensinamentos), deixando de ser tão só e meramente um dos que julga a sociedade e o homem, mas assumindo aqui uma posição mais ativa; induzindo o despertar para o questionamento, a reflexão e o pensar de outros, diminuindo, nem que seja só mais um pouquinho a diferença entre as antenas que transmitem algo e as que não transmitem nada.
Espero contar com iniciativas parecidas, além de comentários com opniões, sugestões e principalmente críticas, pois são de críticas que se enchem os degraus da escada de uma verdadeira superação. Um homem que não aceita críticas é um ingênuo e realmente não as merece.
Pensar é preciso.
Lorran Luiz
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