Metafísica, Política, Humanismo, Filosofia geral e outras questões
Sínteses das realizações d'alguns questionadores...

terça-feira, 2 de novembro de 2010

A Falácia Imaterialista

"O Srº Fulano é muito materialista!"

"A Dona Beltrana só pensa em roupas, jóias, sapatos e dinheiro. Nunca vi ninguém mais materialista!"

"O materialismo é pernicioso!"

"Não gosto de ateus porque eles são materialistas!"

Essas são algumas expressões muito comuns entre os ditos "espiritualistas", "espiritistas", ou religiosos de forma geral. São expressões que em suas variações carregam uma profunda insipiência, principalmente porque vêm sendo repetidas por diversas bocas mas raramente (senão nunca) foram levadas a interpretação mínima sobre o que expressam e o que realmente querem expressar.

Senão vejamos, quando dizem que determinada pessoa é materialista por ser gananciosa, se quer no termo "materialista" o mesmo significado empregado na afirmação de que determinado ateu ou cientista é, necessariamente, materialista?

A falácia a que me refiro passa a existir quando considera-se como iguais coisas diferentes, como o termo materialista exemplificado anteriormente.


Somos necessariamente materialistas

É um absurdo conceber materialismo como sendo a valorização das coisas vãs e fúteis ou a exaltação do consumismo [materialismo este obra do monetarismo, que por sua vez é obra do egoísmo] e, ao mesmo tempo, a tão somente consideração do material como sendo o todo, o que é óbvio, visto que o que chamamos "material" não é mais que o que vemos em nosso nível de visão e contato com a realidade. O material é fruto da limitação natural humana e de outros seres vivos, a seleção nos "ensinou" a ver o material e só através dessa visão — só através deste tato com a realidade — é que conseguimos, todos, enquanto seres vivos, mantermos-nos. É óbvio também que nossos processos mentais, e a análise deles e com eles, não precisam se seguirem restringindo-se às leis materiais: posso aspirar idealizar, de algum modo, uma enorme embarcação, sem me preocupar se minha cabeça ficará mais pesada por tal embarcação pesadíssima estar sendo concebida nela, ou se há espaço em minha mente para as proporções que haverão de plasmar-se no físico. Poderíamos, arrisquemos, considerar até mesmo que outras leis, neste nível de observação, rejam a mente, e uma análise deste tipo nos seria muito válida visto que nos tornaria cada vez mais aptos a usufruir na medida do possível de nossas possibilidades e recursos mentais.

A questão então é que o materialismo científico ou o materialismo de um ateu, por exemplo, não deve ser motivo de julgamento quanto ao caráter deste, pois o materialismo empregado desta forma refere-se a postura do ser frente a óbvia realidade de que tudo é material.

Mas concebo que mesmo os materialistas reconhecem, por ser tão óbvio, que a matéria é tão só o que diretamente acessamos em nosso "nível comum de observação", comum inclusive às outras espécies; não necessariamente é a realidade per se e tão somente a materialidade como a percebemos, visto que, até a física já nos mostra que há mais vazio no espaço do que podemos imaginar. A matéria é por excelência vazia, e se não fosse a atuação de interações nisto que chamamos de matéria (forças) este universo não existiria. Reconhecer esse fato, não faz de alguém não-materialista, visto que, só se ampliou o conceito de matéria, mas não extinguiu-se-o.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Chat para reflexões em conjunto