Metafísica, Política, Humanismo, Filosofia geral e outras questões
Sínteses das realizações d'alguns questionadores...

sábado, 13 de novembro de 2010

O (des)interesse político

A sociedade brasileira demonstra um histórico desinteresse político, esse talvez gerado pela vergonhosa atuação de nossos lideres ou pela interpretação que damos a democracia representativa. O fato é que cada um de nós trata de cuidar dos próprios interesses particulares, individuais e singulares. Existe um entendimento geral de que as decisões políticas devem ser tomadas de cima para baixo e que tais decisões devem ser respeitadas, toleradas, acatadas independente até mesmo da vontade da maioria, afinal “lei é lei”.

O comportamento da sociedade brasileira, alheio à política, vai de encontro ao pensamento de Auguste Comte (1798 – 1857): “Quão doce é obedecer quando podemos desfrutar da felicidade de estarmos desobrigados, por dirigentes sábios e ilustres, da responsabilidade premente da direção de nossa conduta.”

Mas Comte se refere a dirigentes sábios e ilustres e estes cidadãos são raríssimos no cenário político atual, quando surgem são massacrados pelo sistema, não encontram voz nas mídias e plenários, tampouco apoio para desenvolverem seus projetos, muitos ficam fadados a combater a corrupção e passam todo um mandato fazendo denuncias a colegas e instaurando CPI´s.

Eu entendo que o atual modelo democrático favorece a corrupção, a impunidade e consequentemente o desinteresse da sociedade. Pois é difícil, interessar-se por algo tão sujo e vil como vem se apresentando a política brasileira desde a época da colonização. No entanto, cruzar os braços na busca por uma atitude cômoda e a meu ver covarde não significa repudiar o sistema e sim confraternizar com nossos algozes, pois “quem cala consente”. O desinteresse político em massa que indica a reprovação do sistema, representa também a proliferação e perpetuação do mesmo.

Nossas terras foram invadidas e saqueadas a mais de 500 anos e até hoje ainda vivemos sobre o jugo do domínio e da exploração dos estrangeiros e das elites. Mas não ficamos ou ficaremos sempre quietos e calados. O povo brasileiro tem uma tradição revolucionária que de tão sufocada pelas mídias burguesas, acaba caindo no esquecimento geral e o povo fica desconhecendo sua identidade insurgente.

Apesar de nossas derrotas, também temos importantes vitórias: dissemos não a escravidão, pegamos nas armas pela independência, pela republica, contra o imperialismo, o colonialismo, enfrentamos ditaduras e latifúndios e hoje combatemos a devastadora alienação do trabalho e, sobretudo a superexploração capitalista e sua implacável ditadura do consumo.

Precisamos entender que ordem atual não é natural, nem muito menos imutável, que nós como humanos e como portadores de um futuro em comum como espécie podemos construir novos capítulos na história, através da transformação radical de nosso sistema político, econômico e social. Isso só pode acontecer a partir da tomada de consciência e da atuação política organizada das pessoas. A vontade política é o primeiro caminho para a prática revolucionária. Nada será feito se os de baixo não se mexerem.

3 comentários:

  1. Concordo com você.
    Hoje nós temos acesso fácil a informação, o problema é saber quais delas são realmente verdadeiras.
    As pessoas atualmente estão muito acomodadas. E acabam perdendo tempo com passatempos não construtivos, e isso é visivel especialmente nos programas de TV.

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  2. Querido Lorran

    ótima crítica com bons argumentos, as vezes penso como idéias assim já estão em nossa mente tão óbviamente, mas quando passamos estas idéias para o meio material-a escrita no caso, tudo parece melhor organizado, neste aspecto parabéns pela organização de pensamentos.
    No entanto, me chamou atenção as soluções propostas que ainda parecem estar inalcançáveis às nossas mãos. A solução radical nem sempre é de fato uma solução, cortarmos drasticamente uma árvore não garante que a próxima geração de plantas serão saudáveis, além de deixarmos a área susceptível para possíveis "predadores". O que quero dizer com a metáfora é que embora a situação pareça incorrigível temos que resolve-las com mudanças cabíveis ao que a sociedade é capaz de fazer. Ter consciência é acima de tudo tomar a melhor conduta, e a maioria das pessoas entendem revolução como sair jogando pedras e paus em qualquer lugar.
    Começar talvez pelo incentivo à leitura, é a mais simples e eficiente solução por enquanto.

    Parabéns pelo texto e continuemos a desenvolver nossas idéias sempre buscando torná-las ações.

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  3. Olá Beatriz,
    A "radicalidade" de vc encontrou no texto não vem do Lorran, se vc prestar atenção vai ver meu nome no rodapé. Faço questão de agradecer os elogios e também defender minhas ideias. O que digo não s trata de radicalismo e sim de tomada de consciência. Radical é conviver e aceitar as injustiças, a fome, as guerras, os abusos de poder e demais mazelas do sistema.

    EAS,
    Realmente existe grande dificuldade em encontrar mídias que não se prostituem, mas felizmente elas existem.

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